Mais Uma Quarentena
A dor me partiu novamente. Posso sentir meu coração rasgando dentro do peito, tudo o que eu pensava que pudesse resgatar caiu por debaixo dos meus pés e me sinto como se não tivesse pra onde fugir a não ser para dentro de mim mesma.
Tento, sem sucesso, engolir a bile que sobe na minha gargante e conter minhas lágrimas, mas está tudo sem controle, só me resta me esvaziar e esperar que algo bom me preencha novamente. Talvez eu até mereça sofrer um pouco, ninguém é sempre feliz, afinal.
Espero, do fundo do escuro que está o lugar aonde habitava meu coração, que eu supere com rapidez e consiga mostrar pra mim que estou mais forte do que nunca. Sou forte, repito pela vigésima terceira vez.
Infelizmente, agora estou sem esperanças de um recomeço, de que uma hora vai cair em si e perceber que erramos juntos, que eramos melhores do que aparentávamos.
Um vento trouxe todos os nossos momentos, me senti sufocada pelas lembranças e a dor apertou o que restava do coração que já estava repartido. Estou tentando me recompor, colocando as coisas no lugar, guardando o que me restou. Por motivos de reputação, vou jogar algumas coisas fora e fingir que nada aconteceu. Melhor pra mim.
Não vou mais procurar, vou deixar livre para que quando quiser voltar bata com a cara na porta que vai ficar trancada por algum tempo. Sabe como é, recuperação leva tempo. Mas por mim, pode ficar longe, quando eu determinar, vou te procurar. Talvez. Acho que é mais provável que não. Tudo bem, esquece essa parte.
Peguei minhas partes despedaçadas, coloquei dentro da bolsa bagunçada e levantei a cabeça, novamente lá vou eu ficar de quarentena por mais de quarenta dias.
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